Dra. Ângela Mathylde

Fui vítima de um sistema educacional cruel e prolixo, que visava um falso padrão de normalidade e não privilegiava as potencialidades dos indivíduos em processo.

Durante minha vida acadêmica, recebi vários apelidos de “burra”, “incompetente”, “incapaz” e, ainda, atestados de que não teria progresso nem sucesso. Uma profecia de uma professora do primário que me trouxe muitos problemas com minha autoestima durante muitos anos.

Neste caminho, não entendia minhas dificuldades de aprendizagem. Não possuía as ferramentas e os recursos necessários para me defender de tamanha situação. Minha família surfava na onda do que a escola dizia, e isso reforçava minha suposta incompetência, diminuindo ainda mais minha autoestima com broncas e castigos em casa. Notas vermelhas na escola e eu carregando comigo dores emocionais e físicas.

No fim das contas, ninguém sabia de nada e cada um fazia o que achava estar certo.

“Faça o que digo.” Esse é o registro da falta de conhecimento.

Muito triste essa desinformação.

Muitas coisas aconteceram: algumas tristes demais e outras até engraçadas, mas todas doeram com a mesma intensidade e me marcaram profundamente. Minha família e a escola não tinham condições de prever o que acontecia e não detinham o conhecimento necessário para me dar o suporte adequado. E agora? Era a pergunta que eu sempre fazia, e uma resposta que nunca chegava.

Arrumei estratégias, venci a escola e, na faculdade, comecei a descobrir o que acontecia em estudos e aprofundamentos. Foi em uma dessas intervenções, com a fonoaudióloga, que veio a tão esperada resposta: sou disléxica.

Foi libertador! A pedagogia me salvou! Como? Dando-me instrumentalização e formação, ou seja, conhecimento.

Uma das maiores referências nacionais e internacionais na área da Educação Inclusiva.

Premiada 11 anos seguidos como uma das mais requisitadas profissionais da área pela Sociedade Mineira. Laureada com reconhecimento internacional, recebi o prêmio de maior referência mundial em educação inclusiva e adequação multidisciplinar. Além de ser educadora laureada pela European Commission Erasmus+, Prêmio Special Tribute International, na categoria Best Practices in Education (Boas Práticas em Educação para a Humanidade) Brazil-Europe e Cap sur l’école inclusive en Europe, também fui laureada com o título D.h.c. (Doutora Honoris Causa em Neurociências), Notório saber em Psicologia pela Emil Brunner World University (Flórida) e diversos outros prêmios e reconhecimentos. Tenho vários livros, programas educacionais, artigos e publicações em revistas.

Sou reconhecida e ouvida em todas as áreas do conhecimento, com respeito pela minha trajetória.

Na minha surpreendente forma mineira de agir, realmente, onde passo, deixo conhecimento, carisma, amizade, respeito e consideração.

E você pode estar se perguntando: deixei de ser disléxica?

Não. Mas o conhecimento, o estudo sobre o assunto, o diagnóstico e a intervenção mudaram minha forma de ver minhas limitações.

Meu currículo e minha história são formas de superação e uma caminhada construída a partir de estratégias. Sou disléxica, sim, mas isso não significa estagnação. Incluir não é adaptação, é autoconhecimento.

O que falar do futuro?

Continuar a aprender a lidar com as dificuldades e prosseguir trilhando caminhos… Isso se chama estratégias de superação.

Que cada dia traga suas dificuldades, e a cada uma delas, a sabedoria para solucioná-las!

Link da matéria do Jornal Tribuna Hoje sobre o P.P.A.I-M

Livro “Por que vou ao Psicopedagogo?”